O Brasil é o terceiro maior mercado de pets de todo o mundo. E como os 54 milhões de cachorros e 24 milhões de gatos nas casas dos brasileiros continuam precisando se alimentar e viraram companhias importantes na quarentena, o mercado sentiu menos do que os outros a crise da pandemia do novo coronavírus.
Um estudo mostrou que 80% das pessoas gastam dinheiro com veterinário, 324 reais ao ano com cães e 294 reais com gatos. Mais além, 11% dos donos de cães e 17% dos gatos gastam inclusive com plano de saúde — mais de 1.000 reais por ano, em média.
O preço também não é tudo para os donos de animais, mostra o estudo. Os custos de alimentação (se a ração rende mais ou é mais barata) ainda representa 60% da chamada “árvore de valor”, isto é, a importância de um aspecto em um produto. Mas os benefícios, como a ração ser saborosa para o animal e nutritiva, já são 40% do valor para donos de cães e 43% para gatos.
Não por acaso, a expectativa da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) é de que o segmento se mantenha estável em 2020, oscilando pouco em relação ao faturamento do ano passado. Diante de quedas generalizadas, é uma vitória.
Soma-se a isso que diversos locais, como São Paulo e Rio de Janeiro, classificaram os pet shops como serviços essenciais, permitindo que eles continuem abertos.
A pandemia mostra que as vendas online deverão ter grande importância na estratégia da companhia. Se a quarentena fez a ida ao ponto de venda diminuir, o movimento no e-commerce mais que dobrou. O comércio online passou de uma participação 12% para 25% depois do início da pandemia.
O cliente passou a alternar: faz uma compra na loja, outra pela internet.
De acordo com o presidente da Abinpet, José Edson Galvão de França, não há indicativos de fechamentos de fábricas, reduções de jornadas de trabalho ou demissões. E a previsão é de que o faturamento, neste ano, seja parecido com o do ano passado.
“Verificamos que devemos ficar estáveis, com leve crescimento ou leve queda. Isso mostra a resiliência do mercado pet, tendo em vista as previsões de recessão da economia brasileira”, avalia.
Empatado com a Inglaterra, o Brasil é o terceiro maior mercado pet do mundo. Está atrás apenas dos Estados Unidos e China, que passou o Brasil neste ano.
O mercado pet cresce sistematicamente acima do PIB porque cada vez mais lares têm animais de estimação e porque eles passaram a ser tratados como membros da família. As grandes redes e as marcas mais consolidadas passarão pela crise mais fácil, as pequenas, que são a maioria, já sofrerão algum tipo de prejuízo.
Mas, no geral, os setores vão retomar as atividades gradualmente, alguns vão demorar, e isso vai gerar queda de emprego e de renda. As pessoas vão passar a comprar menos. O segmento pet vai ser impactado, sem dúvida, mas certamente menos que outros setores.