Número de gatos nos lares brasileiros superará o de cães nos próximos anos
Desde que o mundo é mundo, ouvimos falar que o cão é o melhor amigo do homem. Mas, se depender dos tutores brasileiros, o provérbio tem tudo para ficar desatualizado. Nos últimos anos, o crescimento da população de gatos tem sido maior do que de outros animais de estimação. Com a chegada da pandemia, a tendência se mostrou ainda mais forte. Segundo uma pesquisa da Comissão de Animais de Companhia (Comac), o número de adoções de gatos no Brasil cresceu 30% desde o início do isolamento social. Nesse ritmo, até 2030, o felino deve ser o pet mais popular por aqui.
“Nos países desenvolvidos, como Alemanha, França e Estados Unidos, o número de gatos já é superior ao número de cães”, alerta a veterinária especialista em Medicina Felina e responsável pela Clínica Veterinária Gato É Gente Boa (Itu-SP), Vanessa Zimbres.
Segundo a profissional, é uma tendência associada ao estilo de vida moderno, em que as pessoas optam por se dedicarem mais à carreira e acabam ficando menos tempo em casa. “Nessa situação, um pet mais independente é melhor”, observa.
Porém, apesar de serem mais autossuficientes do que os cães, não significa que ter um gato em casa é fácil. Tutores de felinos precisam ficar atentos aos detalhes para garantir a saúde e o bem-estar do animal.
Conhecendo o universo felino.
Se você está à procura de um melhor amigo, existem inúmeros motivos para optar pelo gato. Além de se adaptar a espaços reduzidos, como apartamentos pequenos, o felino é um animal higiênico e de baixa manutenção. Mas ser considerado independente não significa que ele não seja sociável. Na verdade, quem tem um siamês em casa sabe que é difícil ir ao banheiro, por exemplo, sem companhia.
Os gatos de pelo curto, que normalmente são de origem africana e lugares com climas quentes, são muito dóceis, companheiros e conversadores, ou seja, vocalizam bem mais que outras espécies, conforme explicado por Vanessa. “É claro que o temperamento depende da índole de cada animal e do tempo de relacionamento, mas, de modo geral, os gatos sem raça definida são animais mais fáceis de lidar”, adiciona.
É importante ressaltar que o relacionamento entre humanos e gatos é bem mais recente do que com os cães, que foram domesticados há muito mais tempo. A tendência é que o vínculo fique cada vez mais próximo com o passar dos anos.
Mas para que a relação seja benéfica para ambos os lados, os tutores precisam ficar atentos às diferenças metabólicas e comportamentais dos felinos. “Ter um gato em casa é muito mais do que oferecer abrigo, comida e uma caixa de areia. Um dos principais aspectos é a questão da alimentação. Os felinos são animais carnívoros e precisam de uma dieta rica em proteínas. As rações precisam ser aromáticas e é importante oferecer opções secas e úmidas para promover, não somente a alimentação, mas também a hidratação do pet”, destaca a veterinária.
A atenção ao ambiente também é fundamental. Apesar de se adaptarem em espaços pequenos, é importante enriquecer o local promovendo uma ‘gatificação’. A proposta inclui a presença de nichos, escadinhas e rampas, tudo para que os gatos explorarem melhor o ambiente vertical das residências. Contar com brinquedos que ativem o extinto de caçador também é fundamental para divertir o animal.
“A primeira coisa que a pessoa deve fazer, antes mesmo de adotar um gato, é colocar tela nas janelas ou, no caso de uma casa, subir o muro para esses gatos não fugirem”, alerta a veterinária. Em apartamentos, contar com a tela é fundamental, como reforçado por Vanessa: “Os gatos são caçadores e basta um passarinho voando para atiçar a curiosidade e acabar em acidente”, alerta.
Atenção com a saúde.
Um aspecto importante para todo mundo é ficar atento à saúde do seu pet. Com os felinos, é ainda mais delicado. Os gatos costumam esconder bem os sintomas e, quando o tutor percebe algo diferente, é porque o problema já está em quadro avançado. Por isso, as visitas periódicas ao veterinário, pelo menos uma vez por ano, têm como objetivo promover a prevenção e evitar surpresas futuras.
“A medicina de felinos é algo muito distinto, vai além da avaliação clínica e o profissional precisa entender bastante de comportamento. Um clínico geral, que atende cão e gato, normalmente não está bem preparado para compreender esses detalhes. São organismos muito diferentes e o que é regra para o cão, é exceção para o gato”, ressalta Vanessa.
Segundo ela, se a clínica é exclusiva para o atendimento de felinos, não só o veterinário vai tratar o gato como a regra, mas toda a equipe está preparada para lidar com o paciente. “Nosso papel é minimizar ao máximo o estresse do gato para não gerar alterações nos exames clínicos”, declara.