A Sociedade Brasileira de Dermatologia, desde 2014, realiza, no mês de dezembro, a campanha de prevenção do câncer de pele, uma oportunidade de alerta, também, para a grande incidência de tumores cutâneos em cães e gatos.
Um dos tumores de pele que pode ser prevenido e ocorre tanto nas espécies canina quanto felina é o carcinoma de células escamosas, também conhecido como espinocelular. Quem informa é o médico-veterinário Andrigo Barboza de Nardi, autor do livro Quimioterapia antineoplásica em cães e gatos (2008) e coautor de outros dois: Oncologia em cães e gatos (2016) e Princípios e técnicas de cirurgias reconstrutivas da pele em cães e gatos (2016).
Com 20 anos de experiência na área e mais de 40 estudos de oncologia publicados em periódicos científicos, toda a sua especialização, do mestrado ao pós-doutorado, foi em cirurgia veterinária, com ênfase em oncologia. Atualmente, é professor de cirurgia no Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Jaboticabal). Ele explica que a ocorrência do câncer de pele se dá, principalmente, em animais de pele clara, com pouca proteção conferida pela melanina, pigmento produzido pelos melanócitos.
Ele explica que quanto mais clara a pele do animal, menor a proteção conferida pela melanina e maior a chance de ele desenvolver o carcinoma de células escamosas quando fica exposto ao sol nos horários mais críticos de radiação solar.
Causas. A radiação solar é mais intensa no período das 10h às 15h. “A radiação ultravioleta do tipo B, em virtude do seu comprimento de onda, atinge diretamente a epiderme (camada mais superficial da pele) e pode contribuir para o desenvolvimento do carcinoma de células escamosas. Quanto menor a proteção conferida pela melanina, maior a chance do paciente apresentar esse tipo de câncer de pele”, alerta Nardi.
Segundo o médico-veterinário, normalmente, as lesões começam como um processo inflamatório na pele, a chamada dermatite actínica. Caso não sejam tratadas e esse paciente continue exposto ao sol, com o passar das semanas ou meses a tendência é que essa dermatite actínica evolua para uma ceratose actínica. “Nessa situação, a ceratose actínica é considerada uma lesão pré-neoplásica (pré-cancerosa). Se, novamente, esse animal não for tratado e continuar exposto ao sol, na sequência teremos o desenvolvimento do carcinoma de células escamosas, o qual tende a ser um tumor agressivo e invasivo localmente”, pondera.
Nardi também declara que, normalmente, esse tipo de tumor é visto na espécie felina em ponta de orelha, pálpebra e outros pontos da face. Em cães, é mais comum a ocorrência desse tumor na face ventral do abdome, especialmente naqueles animais que gostam de ficar expostos ao sol com as pernas para cima.
Prevenção. Segundo o professor, por tudo o que foi exposto, a prevenção é fundamental. “Aqueles animais que apresentam pele clara, com pouca proteção conferida pela melanina, não podem ficar expostos ao sol no período entre 9h e 15h. O tutor precisa encontrar estratégias na sua própria casa para controlar essa exposição solar”, afirma.
Para Nardi, existem várias estratégias que podem ser pensadas, por exemplo, para os animais que recebem radiação solar a partir das janelas. Segundo ele, uma possibilidade é aplicar no vidro uma película que apresente proteção contra a radiação ultravioleta. “É fundamental o nosso trabalho, bem como dos Conselhos Regionais e Federal de Medicina Veterinária, para que os tutores possam ser orientados e entendam a gravidade da exposição solar de forma completamente incontrolada. Sem dúvida nenhuma, o carcinoma de células escamosas é um tumor que pode ser prevenido com medidas simples e corretas no dia a dia”, assegura.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.