A Leishmaniose Visceral Canina (LVC), causada por Leishmania infantum chagasi e transmitida pelo flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, é uma das zoonoses mais importantes no Brasil, tanto pela gravidade clínica nos cães quanto pelo papel epidemiológico que desempenham como reservatórios.
O diagnóstico e manejo adequados em pacientes caninos são essenciais para conter a propagação e preservar a saúde animal e humana (Ministério da Saúde, 2024).
Panorama da Doença em Cães no Brasil
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Distribuição geográfica: Presente em todas as regiões do país, com maior incidência no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
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Situação epidemiológica: Estudos apontam soroprevalências que variam de 1% a mais de 40%, dependendo da região e do grau de endemismo (BVS/MS).
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Transmissão: Vetorial (flebótomos), mas também possível por transfusão sanguínea, cruzamentos e, raramente, transmissão vertical.
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Importância veterinária: A LVC pode evoluir de forma assintomática por meses, dificultando a detecção precoce e favorecendo a disseminação.
3. Sinais Clínicos em Cães
A apresentação clínica pode ser inespecífica, o que reforça a importância de exames laboratoriais confirmatórios. Entre os sinais mais observados:
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Perda de peso progressiva
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Lesões cutâneas (descamação, alopecia, úlceras)
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Linfoadenomegalia generalizada
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Epistaxe
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Onicogrifose
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Apatia e febre intermitente
4. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico da LVC envolve a associação de histórico, sinais clínicos e testes específicos.
Teste Leish (IDEXX)
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Tipo: Imunocromatográfico rápido (IDEXX Brasil).
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Finalidade: Detecção de anticorpos contra Leishmania infantum.
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Vantagens:
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Resultado em poucos minutos
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Alta sensibilidade (~96,3%) e especificidade (~99,2%)
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Pode ser realizado no consultório, facilitando decisões rápidas
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Aplicação prática: Ideal para triagem em áreas endêmicas, acompanhamento de cães suspeitos e monitoramento epidemiológico.
Complementação diagnóstica:
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Sorologia quantitativa (ELISA, IFAT)
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PCR para detecção do DNA do parasito
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Exames citológicos e histopatológicos para confirmação
5. Estratégias de Prevenção
De acordo com o Ministério da Saúde (Manual, 2024):
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Controle do vetor: Uso de inseticidas ambientais, limpeza de quintais e remoção de matéria orgânica.
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Proteção individual: Uso de coleiras impregnadas com deltametrina a 4%, repelentes tópicos e manejo de horários de passeio (evitar amanhecer e anoitecer).
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Vacinação: Atualmente suspensa no Brasil.
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Triagem periódica: Testagem regular de cães em áreas endêmicas, mesmo assintomáticos, utilizando métodos rápidos como o Teste Leish da IDEXX.
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Orientação ao tutor: Educação sobre riscos, formas de prevenção e necessidade de acompanhamento veterinário.
6. Manejo de Animais Positivos
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Conduta clínica: Seguir orientações do MAPA e do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
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Tratamento: Uso de fármacos registrados, sempre com acompanhamento laboratorial.
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Isolamento e controle de vetores no ambiente do cão positivo para reduzir risco de transmissão.
7. Considerações Finais
A Leishmaniose Visceral Canina permanece como um desafio constante na clínica veterinária brasileira. O uso de ferramentas diagnósticas rápidas e confiáveis, como o Teste Leish (IDEXX), aliado a estratégias de prevenção e manejo integrado, permite ao médico veterinário atuar de forma proativa, protegendo seus pacientes e contribuindo para o controle da doença.
Referências
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Ministério da Saúde. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral — 2024.
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Brasil. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral — PDF BVS.
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IDEXX Brasil. SNAP Leishmania Teste Rápido.
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Linavet. Leishmaniose em Animais: Orientações para Médicos Veterinários na Ausência da Vacina.